Desde que o falatório em torno de Parasita começou, lá em Cannes, ele já vinha despertando dúvidas se teria força para chegar ao Oscar… E chegou. Além de vencer nas categorias de melhor roteiro original, filme internacional e direção, também levou melhor filme. Mas e agora, qual o impacto da primeira vitória de um filme não falado em língua inglesa?
Anos atrás o Oscar havia revelado uma mudança nos votantes da premiação, agora a diversidade estaria maior e a média de idade havia diminuído. O resultado dessa nova abertura da academia poderia ser uma seleção mais diversificada de filmes e performances. E por mais que está diversidade ainda não seja tão abrangente no quesito gênero e raça, a vitória da película significa que talvez as coisas estejam finalmente mudando.
A chance para boas histórias com legenda
Esperar que um novo hit internacional tenha o mesmo poder que o filme coreano teve em 2019/2020, é apostar muito alto. O conjunto de fatores que levaram ao sucesso não é uma fórmula fácil. E um filme internacional ainda precisaria de um grande apelo duplo, começando no seu país de origem abrindo caminhos para apresentações em festivais, e depois marcar seu território nos Estados Unidos com o público americano (lembrando que o Oscar é uma premiação norte-americana).
O suporte do país de origem é algo que faz toda a diferença. Apoio a cultura local é o primeiro passo para utilizá-la como um símbolo de qualidade no resto do mundo. E isso a Coreia do Sul faz muito bem. O investimento e a divulgação da 7ª arte lá é levado a sério, então seguir o exemplo de como o país exporta sua cultura é um bom guia.
Um dos pontos muito colocados pelo diretor de Parasita foi uma questão de acesso a filmes estrangeiros. Bong Joon-ho constantemente alertava americanos que ler legendas não deveria ser um problema para apreciar bons filmes… e o pressuposto de que votantes da academia tinham preconceito com filmes em língua não inglesa era esse.
Mas o que essa vitória significa para o futuro da premiação?
Aquela mudança de público votante faz muita diferença aqui. O público que antes era majoritariamente formado por homens brancos da terceira idade agora tem um pequeno balanço de pessoas com etnias diferentes e consequentemente pensamentos mais abrangentes em relação ao cinema.
A porta aberta com a vitória de Parasita significa atestar o obvio: filmes não falados em inglês tem tanta competência quanto produções nesta língua. Em tempos de quebrar o status quo dos votantes da academia isso é algo que pode causar um efeito muito grande no futuro. Talvez o que faltava era apenas um pontapé… a coragem de premiar um filme do tipo, fazendo assim com que a indústria geral prestasse atenção além da bolha que vive.
Esse prêmio é único, mas seu peso e valor para a história são incontáveis. É uma vitória não só da industria sul-coreana, mas de todo o cinema mundial.
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