Eletrizante, surpreendente, imprevisível, intenso, intrigante, dentre tantos outros adjetivos que podem definir essa nova temporada de La casa de papel. Há um outro artigo neste blog na qual fala-se de algumas teorias sobre a série, porém, nenhuma delas ainda foi realizada, mas sabemos que teremos uma quinta temporada, portanto, a gente que lute!
Ainda sobre essa quarta temporada, já se inicia em um ponto em que, pela primeira vez, vemos o brilhante Professor perdendo o controle de seus planos, e até mesmo, sendo enganado pela polícia de Madrid. Fazendo uma breve retrospectiva das outras 3 temporadas, o Professor tinha uma posição totalmente autoritária sobre seus planos, na qual cada passo incerto seria um motivo para que o Professor usasse a arte do improviso para que o plano continuasse, porém, dessa vez, só isso não seria o suficiente. Com a falsa morte de Raquel, vulgo Lisboa, Professor teve que mudar seus planos, em um momento de fúria, pediu que seus discípulos revidassem à altura.
Mesmo com esse primeiro momento, com o desenrolar da trama, de forma muita intensa inclusive, Tóquio abre a mente do Professor, e o faz perceber que Lisboa está viva, a partir daí, Professor retoma sua posição de controle, ainda mais focado, frenético e implacável para resgatar Lisboa e dar continuidade em seu plano, na qual mais uma vez, ele deixa a polícia de Madrid para trás, incomodando a nova inspetora, Alicia, a expondo para todo o mundo, expondo suas ações de tortura com Rio e mostrando toda a podridão da polícia para alcançar seus objetivos, o que nos traz a reflexão: Quem são os bandidos? Até que ponto a justiça realmente é justa? Será que ela é cega? Até que ponto a coisa certa a ser feita realmente é a coisa certa?
Alguns personagens tiveram um destaque muito especial, algo, que para mim, não teria a menor influência na série, mas como eu digo, jamais duvide de um roteirista genial. Bogotá declarou seu amor a Nairóbi, e se mostrou um tremendo guerreiro, na qual toda sua participação desde sua aparição e seu esforço para com o plano do Professor ocorresse da maneira certa, aliás, foi ele quem deu o pontapé para que o ouro fosse tirado de lá.
Conhecemos um pouco mais do passado de Palermo, mais especificamente seu amor incondicional por Berlim, inclusive cenas de seu casamento e como Berlim queria que seu plano funcionasse com a presença de Palermo (vemos ainda uma cena nem um pouco esperada de Berlim e Palermo, com uma belíssima interpretação de ambos inclusive). Palermo não consegue superar seu lado ególatra, fazendo a cabeça do até então apenas mais um refém, mas que se torna o ponto ápice da trama, o chefe de segurança Gandía, que causa calafrios numa perseguição sanguinária com os assaltantes.
É importante ressaltar que, geralmente, toda série tem altos baixos ao longo da trama, momentos que prendem o telespectador e aqueles momentos mais frios, apenas para explanar determinadas situações, até mesmo na primeira e segunda temporada de La casa de papel isso aconteceu, porém, nessa nova temporada, simplesmente até os baixos nos deixavam tensos, intrigados com toda aquela construção de uma situação que haviam diversas possibilidades de desenrolar, na qual o próprio espectador cria os seus próprios desfechos, a série nos permite isso.
Não tem como não falar da morte da Nairóbi, interpretada brilhantemente por Alba Flores, que a todo momento nos deixa arrepiados com suas frases e toda sua energia, evidentemente, em um primeiro momento podemos perceber a desestabilidade da equipe após sua morte, causada com um tiro na cabeça por Gandía, totalmente de graça, mesmo após os assaltantes tendo cumprido o combinado, Gandía não esconde sua sede de sangue. A morte da Nairóbi gera uma comoção nacional, de forma tão intensa que a comoção não é só na trama, mas desse lado, do público também.
Foram diversas cenas marcantes que fizeram essa ser uma das melhores temporadas, o sequestro de Tóquio, a reviravolta do professor, a batalha dos assaltantes e Gandía, a queda de Alícia e da polícia, o beijo inesperado de Berlim e Palermo, a sobrinha transexual de Moscou, que foi de suma importância em determinado momento, a fuga de Lisboa com os novos recrutados do Professor, são reviravoltas e reviravoltas atrás da outra, todas conectadas, sem qualquer furo, cada passo de cada personagem em cada lugar traz algo importante para que o plano saia da maneira correta.
A forma como foi abordada essa nova temporada é um tanto quanto peculiar, pois nos mostra o outro lado dos personagens chaves da trama, pelo menos nessa temporada, pois todos tiveram altos e baixos, determinado momento estavam no controle da situação e de repente uma reviravolta os deixavam vulneráveis e fracos, o roteiro nos apresenta uma ideia de que nenhum plano pode ser perfeito, porém, certas situações nos forçam a aflorar o modo de adaptação do ser humano, somente o improviso não basta, é necessário se adaptar as situações inesperadas que o plano impõe, não somente tratando do plano do professor.
La casa de papel sempre foi uma série com um potencial gigantesco para atingir as grandes massas, não só de uma determinada faixa etária, mas de forma que cada ser humano em determinada fase de sua vida pudesse se identificar com a trama, e nessa temporada, a vida foi bem representada, com cada reviravolta, mostrando que podemos estar no topo, mas em qualquer momento podemos cair e precisaremos nos adaptar, improvisar e continuar seguindo com nossos planos, perderemos pessoas no caminho, que de fato vão mudar nossos planos ou nos darão ainda mais motivo para continuar, a Nairóbi representa a perda, não só de um ente querido, mas a perda da esperança, a perda imprevisível, e em um primeiro momento eles caíram, mas após isso, a perda da Nairóbi foi o gatilho para que o plano continuasse, e a série nos entrega esse desfecho da maneira mais sútil, brilhante e totalmente feliz na maneira como foi feita.
E finalizamos a série com, mais uma vez, Professor pego de surpresa por aquela que ele tinha derrubado, ou melhor, pensou que havia derrubado, Alicia, na qual esteve durante toda a temporada com sangue nos olhos para prender o Professor. Um embate, que só saberemos agora na próxima temporada, o desafio dos diretores é suprir a expectativa que essa temporada nos trouxe, não podem deixar a peteca cair, pois agora teremos um duelo emblemático, que só La casa de papel consegue fazer.
E sim, Arturo continua intragável, e nessa temporada ele se supera, mas os diretores nos deram um presente, uma surra de Denver e um tiro de Manila, obrigado Álex Pina!
Cabe a você, procrastinador, contemplar mais essa temporada de La casa de papel. Se já assistiu, comente aí embaixo o que achou!
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