Aquelas frase de efeito de uma palavra sempre impressionam, né? Fica sempre muito legal colocar na capa do Blu-ray palavras como “Inesquecível!” ou “Espetacular!” e Game of Thrones já foi chamada de muita coisa: “Brilhante”, “Cinematográfica” e “Impressionante” são apenas alguns exemplos. Mas essa sétima temporada da série da HBO merece uma palavra nova. A palavra que define essa temporada é “Fanservice”. Agora se prepara e vem chutar cachorro morto comigo. #sentaquelávemtextão.
[alert type=red ]ALERTA DE SPOILERS DAQUI PRA FRENTE
[/alert]Antes de começar dois avisos: 1) esse texto vai ter spoilers da sétima temporada de Game of Thrones (esteja avisado); 2) caso esteja se perguntando, eu adoro Game of Thrones. De verdade. Li os livros, acompanho a série desde o começo e já vi todos os episódios ao menos uma vez (alguns até mesmo 3 ou 4 vezes). Cara, eu gosto tanto que fiz do meu TCC na faculdade de Jornalismo uma monografia analisando a narrativa de Game of Thrones – tanto na série quanto nos livros. Eu conheço a história, conheço os personagens, conheço as minúcias, conheço o lore, conheço os plots que sequer foram pra TV… Em outras palavras, eu conheço a história um pouco mais do que a média dos espectadores (ainda que isso não me faça um especialista, óbvio). E estou dizendo tudo isso por um motivo: não é para me gabar do quanto eu sei, e sim pra mostrar que sei o potencial que a série tinha. E que não alcançou.
Agora veja bem, não achei essa sétima temporada de Game of Thrones ruim. Só achei ela meio meh, sabe como é? Pra uma série que eu adorava, que eu sigo obsessivamente, que já esteve entre uma das minhas favoritas e que era boa pra c@#&%… agora é simplesmente meio meh. E de boa pra c@#&% para meh, vamos combinar que é uma queda vertiginosa.
E, claro, é inegável: foi a temporada do fanservice. E isso não é necessariamente algo ruim, vejam bem, é só que parece que os showrunner e os roteiristas optaram por deixar a história de lado para focar única e exclusivamente no que os fãs ansiavam em seus corações desesperados. Como eu disse, embora isso nem sempre seja algo ruim, cria muito furos de roteiro e inconsistências que exigem certo esforço para relevar. Estou até meio que relevando os teletransportes por motivos de tempo curto e menos episódios, até aí okay. Mas a timeline num tá batendo muito, vamos combinar? Tipo a saga da viagem para cruzar continentes e oceanos em um episódio, ou como não há sinais da tal gravidez de Cersei ainda que se passem meses pela própria timeline apressada da série, ou ainda os absurdos de “descobertas essenciais ao plot ao acaso”, ou a famosa armadura de roteiro – também conhecida como protagonismo.
O fato é que já há algum tempo a série da HBO vem desandando. Os plots vem convergindo e se apressando para caber no limite de episódios que foi combinado, e na verba (e não há problema algum nisso) – desde que a história não tenha que contar com a boa vontade do espectador para ser compreendida. Essa distorção da coerência interna e forçação de barra para agradar o público é que vem desestabilizando uma história que vinha sendo bem construída por várias temporadas. E tudo isso para, justamente, chegar ao final da história com um roteiro meia boca, personagens que não agem como eles mesmos, e uma narrativa meio manca.
Claro, eu também adorei ver Mindinho tendo o fim que teve; adorei ver #Jonaerys acontecendo mesmo, adorei ver um dos dragões caindo nas mãos do Rei da Noite, adorei ver as irmãs Stark se encontrando e não caindo em manipulações… mas ao mesmo tempo esperava mais de certas partes como: um livro caindo na mão de alguém importante quanto o roteiro exigia, e coincidentemente contando o segredo mais importante do reino (e que por acaso envolve nosso maior protagonista); ou que Bran simplesmente visse tudo (e só comentando o que viu na hora certa); uma incrível pintura rupestre na caverna, descoberta na hora exata para surgir uma aliança; ou um estudante iniciante de medicina curando o câncer de Westeros etc.
Meu ponto é: os vários pontos positivos da sétima temporada de Game of Thrones (e foram vários) não apagam os furos de roteiro, simplesmente deixados de lado pela produção. Poderia ser melhor? Sem dúvida poderia, mas é o que tem pra hoje e eu não fiquei lá muito satisfeito.
PS – E onde diabos foi parar o Fantasma?
Comenta aí Nerd!