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Já não é de hoje que a linguagem de TV e cinema se provam mais próximas do que nunca. A estrutura de uma produção semanal ou de um filme são bem diferentes, mas com o passar dos anos, percebemos que os projetos televisivos tem tomado direções diferentes em como cada episódio se aplica durante sua exibição. A questão a ser discutida não é tão complexa, o debate entre como um criador quer que sua obra flua em um período de 8/10 horas é um ponto muito específico.

Quando isso realmente funciona de forma natural para o olhar do telespectador

Apesar de sabermos em algum momento, seja através de entrevistas, adendos sobre a produção(…) a ideia de montar um ‘longo filme para a tv’ só é realmente valorizada quando é feita com maestria. Em alguns momentos, pode ser que esta ideia nem seja realmente o que o diretor tinha em mente, mas sim algo que ocorreu naturalmente. Isso pode fazer muito sentido dependendo de como um cliffhanger é colocado, a velocidade do roteiro em relação ao tempo real ou a forma de exibição de consequências de atos de personagens.

Carey Mulligan em ‘Collateral’ – Netflix

A produção Collateral (BBC/Netflix) tem apenas 1 temporada, de 4 episódios. Tal quantidade já seria o suficiente para os maratonistas virarem a cara para a série. Para quem já conhece o clima britânico de produções isso não seria uma surpresa… mas o foco não é a quantidade, e sim a qualidade tão bem apresentada em apenas 4 horas de conteúdo.

A premissa é simples; Uma inspetora policial (Carey Mulligan) é encarregada de investigar o assassinato de um entregador de pizza. Durante 4 episódios podemos ver toda a rotina de Kip e sua determinação em encontrar o culpado. Assim que terminamos Collateral a impressão que fica é que não vimos uma série, e sim um filme de 4 horas. Tal naturalidade em que isso acontece se dá muito ao formato que a rede BBC produz seus seriados.

Aidan Devine e Riley Keough em ‘The Girlfriend Experience’ – STARZ

Em The Girlfriend Experience, temos a história de uma estudante de direito (Riley Keough) que decide entrar para o mundo da prostituição. A série tem um total de 13 episódios de 30 minutos cada, onde vamos conhecendo a personalidade perturbada da protagonista e seus clientes.

Desde sua pré-divulgação, seus criadores deixavam claro que ela foi moldada para ser um filme de 6 horas na TV. Aqui é um caso diferente ao de Collateral, temos uma decisão de direção e filmagem com abordagem de longo filme. E isso é notável enquanto acompanhamos o desenrolar da história. Talvez o subconsciente já esteja pré-determinado a ter essa visão, já que antes da série estrear já sabíamos qual foi o olhar dado a ela. 

Então como percebemos quando uma produção fechada parece um longo filme?

É bom não confundir e achar que séries curtas são automaticamente longos filmes. Em alguns casos, alguns episódios podem servir apenas como um gancho entre um e outro, mas de uma forma que podemos perceber que; se eles não existissem não fariam diferença alguma na trama.

Quando uma mini-série consegue determinar a importância de cada ação em um curto espaço de tempo, determina aos poucos que aquela história tem uma importância contínua e sua fluidez é notável… podemos dizer que assistimos um grande filme. 

Essa visão final do telespectador pode ser relativa, mas a naturalidade em perceber que o seriado que acabou de assistir talvez não pareça exatamente uma série é mais simples do que aparenta.