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E se o seu grande ídolo do futebol se declarasse homossexual? Perguntando assim parece até um pouco absurdo, mas a HQ “O outro lado da bola” (da editora Record, com com roteiros de Alê Braga e Alvaro Campos, com arte de Jean Diaz), nos mostra que a realidade pode ser um pouco mais chocante do que imaginamos.

Ler a obra foi quase um exercício para sair da zona de conforto. Primeiro que não sou nenhum fanático por futebol e segundo que, até então, eu tinha pouquíssimo contato com graphic novels que contassem tramas que pudessem, de fato, serem reais (uma vez que sou o doido das histórias de fantasia e ficção científica).

Em um resumo rápido, a trama se desenrola após o camisa 10 de um grande time se declarar homossexual depois do assassinato de seu ex-namorado.

O roteiro se mostra eficiente quando mostra os possíveis desdobramentos do acontecimento: primeiro a desaprovação da própria torcida, depois um papo sério com o presidente do clube e a partir daí a situação só piora com a mídia em cima do escândalo e com problemas sendo refletidos até em sua própria filha e outras questões que o protagonista acaba tendo que enfrentar.

O trabalho ainda aborda outros detalhes que, ao meu ver, podem ser bastante reais: uma esposa de fachada apenas para manter as aparências, um acerto de contas feito por baixo dos panos e uma visão preconceituosa já bastante enraizada em nossa sociedade.

Por vezes, a HQ peca um alguns poucos detalhes. Por vezes eu me confundia com os personagens, talvez grande volume de coadjuvantes que aparecem “do nada” ou pela passagem de tempo que não estava 100% clara. Estes pontos acabaram atrasando um pouco a leitura, mas nada que desmereça o conjunto da obra.

De qualquer modo, o Outro Lado da Bola conseguiu, pelo menos pra mim, exemplificar um pouco o quanto o machismo está presente não só dentro dos estádios, mas em muitas outras esferas sociais.