De umas semanas pra cá, a Marvel tem lançado vários teasers de sagas famosas que já foram publicadas, dezesseis para ser mais correto. Tudo isso culminou com a divulgação de Guerras Secretas, mais uma maxi saga da editora. Mas não sei se tem muito a ver com as Guerras Secretas originais. De qualquer maneira parece uma estratégia parecida com a da DC, que usou a saga Ponto de Ignição para um reboot total da linha, levando aos Novos 52.
Apesar de serem indícios fortes de que teremos um reboot, pode ser que seja um alarme falso, mas no fim das contas eu nem acho que, a essa altura, seja uma idéia ruim e vou explicar tudo aqui.
Tudo Termina
Pois bem, foram DEZESSEIS teasers que sairam dia após dia, inclusive o de Guerras Secretas. e o último teaser, é esse aí embaixo. “TUDO TERMINA” e com a data já definida: Primavera de 2015 nos US and A. Quer dizer que entre março e junho, de alguma forma tudo vai acabar no Universo Marvel. Mas todos os outros teasers estão programados para o verão americano.
A primeira coisa que passa na cabeça de todo mundo é que parece que teremos um reboot do Universo Marvel regular, o famoso Universo 616, que é o mais conhecido e o que todos gostamos? Mas o mais estranho é que tudo termina ANTES das Guerras Secretas.
Durante a Comic-Con 2012 em San Diego, o editor-chefe da Marvel, Alex Alonso disse: “Nós respeitamos nosso passado”, quando todo o mercado de quadrinhos ainda estava bem impressionado com o reboot da DC no ano anterior, que teve um resultado tão positivo. Mas ao mesmo tempo eu acho que justamente por respeitar o próprio passado, um reboot não seria uma má idéia.
Stan Lee – A culpa é toda dele
O maior responsável pelo Universo Marvel existir “organizadamente” é culpa dele. Todos os artistas que vieram junto e mesmo depois deram a sua contribuição, mas o principal responsável é ele. Essa ligação de personagens e eventos sempre foi um trunfo. e como a gente já cansou de falar aqui, é um dos pontos mais positivos do Marvel Studios. Todos aplaudimos de pé a iniciativa de trazer isso para o cinema. Isso tá no DNA da Marvel. Idéia essa que funcionou maravilhosamente bem até os anos 80.
O mundo viveu muitas transformações, e aí atualizar personagens e universo começou a complicar. Nenhum super herói da casa podia manter aquelas origens nos anos 50-60. Quantos anos o Homem-Aranha teria hoje? Vovô Aranha? Fala sério. As origens da maioria deles não funcionavam mais e quando você tem que fazer imendas, a chance de ficar uma bosta é grande.
Idéias datadas e resets
Além de tudo isso, o próprio universo de histórias vai se complicando. Pensa bem, se fosse sempre a mesma coisa, uma hora as pessoas enjoariam de ler e fim. Então sempre é necessário ter alguma coisa que dê aquela alavancada nas vendas. Aí é tanta história, adaptações, sagas que confunde qualquer um que queira começar a acompanhar.
Você que nunca leu quadrinhos, não se sentiria intimidado ao ir até a banca, pegar uma HQ do Homem de Ferro e dar de cara com um personagem que não tem NADA A VER com o que você acabou de ver no filme?
A Marvel depois de passar por uma crise muito tensa nos anos 90, chegando quase a falência, começou a investir periódicamente em relançamentos. A numeração é zerada e rola alguma mudança pesada no status quo do personagem. Todos passaram de alguma forma por mudanças assim. Steve Rogers morreu e Bucky se tornou o Capitão América, por exemplo. Thor sofreu com o Ragnarok. Wolverine recentemente morreu. Todos de alguma forma sempre são resetados, e isso dá uma levantada nas vendas, nem que as pessoas leiam pra falar mal.
E por falar em falar mal, a DC falou tanto de um reboot de todas as linhas, mas Lanternas Verdes e Batman não sofreram um reboot total. Claro que já começou bagunçando a cronologia.
Tudo termina. Mas tudo o quê?
Isso não tem a menor explicação. A Marvel lançou um teaser em vídeo, com cada saga em uma região de um mapa, no que parece ser um novo Mundo Bélico. São vários personagens, de um monte de realidades alternativas e universos paralelos. Mas isso já dava pra imaginar pelo teaser da própria Guerra Secreta. E também por que é sempre legal ver personagens iguais de universos diferentes caindo na porrada. Essa é basicamente a premissa, apesar de isso ser diferente da saga original.
Originalmente, os heróis e vilões Marvel eram levados a um planeta por uma super entidade cósmica, o Beyonder, para um planeta, no qual eles deveriam se enfrentar. Esse evento desenrolou um monte de mudanças nos personagens, como por exemplo o Homem-Aranha, que encontrou o simbionte e teve a fase do famoso traje negro.
Mas não é só isso amiguinho, para quem está acompanhando a saga Infinito, que está sendo publicada por aqui, sabe que essa mistura de Terras em dimensões paralelas já está em curso. E se elas realmente tentarem ocupar o mesmo lugar no espaço, os dois universos vão se destruir. Com os heróis ocupados com isso, tem outras coisas acontecendo paralelamente, que podem afetar sem que ninguém desconfie.
Os Illuminati se reunem para discutir o que pode ser feito. Para quem não se lembra, esse grupo conta com os heróis mais inteligentes e influentes da Terra – Doutor Estranho, Reed Richards, Homem de Ferro, Pantera Negra, Raio Negro, Namor e Fera, que está ocupando a vaga do Professor X, por enquanto falecido. Eles descobrem o problema e a solução. Só existe um jeito de salvar nosso planetinha. Destruir o outro, por que dois planetas não podem existir no mesmo espaço. E é em cima desse dilema, que eles criam uma bomba que pode acabar com todas as outras Terras, em todas as dimensões paralelas. Só um detalhe, caso você ainda não tenha notado a ligação, o escritor da saga Infinito e de Guerras Secretas é o mesmo. Jonathan Hickman.
Isso pode pavimentar o caminho para acabar com o fim de tudo que conhecemos no Universo Marvel 616 no primeiro semestre de 2015. Esse choque entre as Terras paralelas provavelmente vai ser o fim, que vai resultar num novo planeta Terra, uma mistura de realidades alternativas que vai levar a uma luta épica, heróis diferentes lutando, numa Terra bizarra, mistura de várias realidades e universos paralelos.
Apresentar a novos leitores, homenagear clássicos. Tudo num golpe só
O caminho para o fim parece ser esse mesmo. Algumas realidades vão pro saco, elementos de uma Terra vão respingar nas outras e no final nós vamos ter um amálgama, que vai ser usado pra mudar TODOS os status quo e ainda trazer algumas coisas de volta para o normal, como por exemplo Steve Rogers como Capitão América novamente, Thor versão masculina, Homem de Ferro sem ser o megalomaníaco que ele se tornou. Isso sem falar aquelas ressucitadas que sempre rolam. Pode saber que teremos Wolverine de volta, talvez o Professor X. Só o tio Ben e a Gwen Stacy que morreram mesmo. Sem choro nem vela.
Todas essas referências são, na verdade, mais uma homenagem a tudo que a Marvel fez até aqui, do que simplesmente passar uma borracha e começar do zero. E voltando lá no começo do post, um jeito diferente de mostrar histórias clássicas (e ótimas) a um público novo, que não iria se relacionar com as versões originais. As pessoas mudam, e uma nova geração de leitores precisa se identificar com uma nova roupagem, sem ser aquela versão totalmente nova que foi o Universo Ultimate, que também foi ótimo por um tempo, a sua maneira.
No final das contas o mais enigmático mesmo foi o novo logo: All New Marvel. E não, nós ainda não entramos nessa fase, apesar de o nome provavelmente ter relação com os dois últimos relançamentos.
E já que é pra mudar, melhor um reboot do que ficar tentando remendar o passado.
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