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Pelo menos até agora. E eu sei o que você vai me dizer (ou não). Que eu sou Marvete™, que eu odeio a DC, que eu adoro criticar quando o material é da Distinta Concorrência (pegou? hã? hã?) e quando é Marvel eu passo um pano. Bem, eu não sou a pessoa mais parcial do mundo, especialmente quando é algo que eu gosto, mas esse site existe para eu dar a minha opinião embasadíssima em porra nenhuma. Mas hoje, o caso é diferente. Eu estou embasado e posso falar tranquilamente que é o melhor jogo de super-herói que eu já joguei na minha vida.

Antes de mais nada, eu queria agradecer ao pessoal da Sony, que gentilmente cedeu uma cópia do jogo, mas é um jogo tão foda, mas tão foda, que eu falaria ele de graça (essa parte você por favor não leia, dona Sony).

E se você tem um mínimo interesse no mundo dos games, já deve ter lido sobre, assistido a Walkthrough, acompanhado a opinião dos especialistas sobre este que é um dos melhores jogos do ano. Então eu vou fazer um approach diferente hoje. Como um fã se sentiu de fato balançando por NY e saindo na madrugada pra socar meliante.

Não é o Universo Marvel 616

Como fã de longa data dos quadrinhos, eu poderia aqui ficar elencando as mudanças. Mas é melhor a gente só aceitar que esse não é o Universo Marvel das HQs. Aqui, Peter Parker já é o Homem-Aranha há 8 anos, trabalha com Otto Octavius (sim, o próprio) na criação de próteses ultra técnológicas para pessoas amputadas. Mas Peter Parker ainda é uma mente brilhante, que tem problemas em pagar seu aluguel, já namorou e terminou com Mary Jane, que é reporter do Clarim Diário e tem a sempre presente Tia May, como seu porto seguro. Nesse universo ela não é a gatíssima Marisa Tomei do MCU, mas ainda sim com aquele coração enorme que a gente já está acostumado a ver.

De cara eu posso dizer que essa foi uma baita sacada da Insomniac Games, já que todo mundo tá careca de saber a origem do Amigão da Vizinhança, passou a história 8 anos pra frente e sem ficar explicando e fazendo 500 flashbacks. Não há necessidade de nada disso. Conforme o jogo vai passando a gente descobre várias coisas que foram parte das aventuras ao longo desses 8 anos como Cabeça de Teia. Inclusive no prólogo uma missão bem emocionante já pra te jogar no clima colocando o Aranha contra o Rei do Crime, Wilson Fisk. E conforme a história vai sendo conduzida, você mal percebe e já está preso nessa teia (pegou essa? Hã?) e totalmente imerso naquele universo de NY e da história em si. Outra coisa legal é que como se trata de um jogo de super herói, você fica o tempo inteiro aguardando quando o próximo grande vilão vai aparecer, mas a coisa toda funciona de forma super orgânica então, quando você se dá conta, já tá lutando contra algum dos famosos arqui-inimigos do Aranha.

Agora, a coisa que mais me deixou angustiado, sem entrar em muitos spoilers, é que de certa forma a gente vai acompanhando a transformação do simpático Dr. Otto Octavius no infame Doutor Octopus. E nós já sabemos onde vai dar, então cada encontro com o Dr. Octavius vai ficando mais e mais tenso do que o anterior. E isso é incrível.

O tal do ~Mundo Aberto~

Apesar de eu dar uma pincelada de leve na história, até pra não sair entregando spoilers, o que está explodindo minha cabeça diariamente é justamente o fato de poder simplesmente se balançar por NY, de ouvido no rádio da Polícia. Exatamente como o Aranha faz diariamente. Talvez seja exatamente isso que aproxime a gente, meros fãs, de se sentir um super herói. A gente trabalha durante o dia, tem nossas vidas normais, trabalho, responsa e tal, mas à noite sai pra uma ronda, pegar uns criminosos e quem sabe, tropeçar em um ou dois super-vilões por aí.

Além dessa liberdade toda, como todo jogo de mundo aberto, a gente tem um sem número de missões secundárias e coisinhas pra se fazer no mapa. Nem preciso dizer que eu nem tenho focado tanto na Main Quest e sim saído sem destino pela cidade, não é?

Mas até nisso, a Insomniac se superou, por que não é um processo chato, como geralmente são essas sidequests de jogos mundo aberto. Tudo tem uma explicação bem razoável de ser. A cidade é completamente viva e orgânica e Nova York é grande pra cacete bicho. De verdade. E nem isso te cansa. Pra mim foi super normal traçar um objetivo, querer chegar a algum ponto, só para me ver 1 hora depois, completamente desviado do foco, combatendo assaltantes, sequestros, roubos à banco. Nem com a abertura da viagem rápida, a certa altura do jogo, te tira o prazer de balançar e fazer acrobacias pela cidade. Eu mesmo acho que não usei uma vez sequer a viagem rápida. Prefiro ir balançando, sentir o vento na cara, vocês entenderam né?

Claro que todas essas sidequests são necessárias para a evolução do personagem. Mas isso fica mascarado pela imersão, já que você tem um imenso prazer cumprindo esses pequenos objetivos, sem pensar que você precisa cumprir aquilo só para fazer upgrades no personagem e nos equipamentos, o que é um ponto muito positivo. Se eu puder destacar um ponto negativo aqui é: Algumas missões são bem estranhas e claro, esteja totalmente à vontade para ignorá-las.

Mas no geral não é esse sentimento de fazer por obrigação. Até porque todos os elementos de um mundo aberto estão ali, torres pra ir desbloqueando o mapa, sidequests e buscas por itens. Pensando assim seria até fácil enjoar rápido, mas com a imersão na história, enjoar se torna praticamente impossível.

Acrobacias, Atletismo e um Aranha pra lá de ligeiro

Você aí, que me chama de Sonysta, Marvete™ e fala que eu sou bairrista pode até xingar muito no Twitter. Mas apesar de o modo de combate ser praticamente idêntico ao de Batman na série Arkham, aqui ele faz bem mais sentido. Eu tava comentando com o Louis, mas preciso deixar registrado aqui. Faz muito mais sentido aqui essa agilidade pra atacar, desviar, disparar teias e dar piruetas do que com o Batman.

Explico: No caso do Batman, claro que depende do autor, mas no caso do Arkham, ele não é propriamente um Batman esbelto. No caso do Arkham, ele tá baseado em parte no Cavaleiro das Trevas e tal e ali, o Batman é basicamente um brutamontes, gigante de forte. Então em comparação com o Aranha, aquela movimentação se torna um tanto quanto inverossímil, entendem? Não estou falando mal do Batman e gosto pra caralho da série Arkham. São dois jogos que redefiniram o gênero Super-Herói para as próximas gerações.

No caso do Aranha, faz muito mais sentido que ele seja extremamente ágil, isso sem contar o Sentido de Aranha, que se bem usado, dá uma vantagem MUITO estratégica na hora do combate. Outro ponto para a Insomniac. Saindo dos combates, partindo para a movimentação em geral, eu tô até agora muito impressionado com a fluidez de movimento. Isso faz com que a assimilação dos comandos se dê de forma mais simples e antes que você perceba, vai parecer que está se balançando pela grande maçã há 8 anos, assim como o Cabeça de Teia. Eu já estou jogando há duas semanas direto e não consigo largar, logo já estou bem proficiente em derrubar grandes quantidades de meliantes. E mesmo com uma quantidade considerável de horas de jogo, ainda me impressionam alguns movimentos do Aranha, tanto no Parkour, quanto no combate e na combinação de golpes, esquivas, saltos e claro, a teia e suas diversas aplicações.

Música, modo fotografia e uma lista gigante de detalhes

Bom, falei bem do jogo, da jogabilidade, da fluidez, de como eu tô me sentindo o próprio Peter Parker, que trabalha de dia e combate o crime a noite. Mas eu também não posso deixar de mencionar a trilha sonora, bem instrumental, que vai entrando de acordo com a movimentação e o progresso do seu personagem, sempre naquele tom bastante MCU, o que pra mim, que sou fanático por trilhas é uma parada que chamou demais a atenção.

Se você é fã do Aranha e da Marvel em geral, vale ficar total de olho em detalhes, como por exemplo pontos turísticos, como a Torre dos Vingadores, o Sanctum Santorum, residência de um certo Doutor. Recomendo especialmente que você gaste tempo passeando por Hell’s Kitchen, Midtown e Harlem. Não vão faltar lugares pra visitar.

E é claro que um jogo do Aranha não seria um jogo completo se não tivesse um modo de Fotografia. Apesar de ser uma tendência hoje em dia, até nisso ele se integra com a história do jogo, já que Peter também ganhou a vida como fotógrafo. Então não estranhe se você estiver jogando e procurando lugares para fotos incríveis, ao invés de só seguir com a história. Como última dica, vale ficar bastante de olho nas mochilas do Peter, espalhadas pela cidade.

Ainda sobrou tempo pra colocarem vários Easter Eggs para os fãs do personagem e até um tipo de rede social, a lá Twitter, onde os moradores da cidade reagem de acordo com as suas atitudes. Confesso que fui notá-la, já estava bastante adiantado no jogo, mas não deixa de ser uma curiosidade interessante.

Outra coisa bem frequente nesse tipo de jogo são os Quick Time Events, todos são bem inseridos na história e no roteiro do jogo. Não tem muitas cutscenes e nem muitas paradas pra carregar, salvo quando você entra em algumas sidequests bem específicas. O clima de filme de ação é extremamente presente e o uniforme sempre é o que você escolheu, o que também é um ponto que me chamou atenção. Claro que como um fã, eu tenho os meus preferidos. Mas todos eles tem poderes especiais, que podem ser usados com qualquer traje. Com isso, qualquer frustração que poderia surgir, por que você gosta de um traje, mas gosta de usar o poder de outro não se torna um problema. Eu particularmente escolhi o traje da Guerra Civil assim que desbloqueou e seguimos assim. Aliás, acho que depois que ele desbloqueou, não escolhi outro. Algumas outras presenças especiais, como Miles Morales dão uns pontinhos a mais. Sinal que a Insomniac fez a lição de casa e está aprovada com louvor.

Tá, já puxou bem o saco, mas e os defeitos?

Pois bem, vamos lá. Pra vocês não ficarem achando que o jogo é perfeito, até porquê nada nessa vida é perfeito. Vou falar dos pontos que me desagradaram um pouco.

A trama principal fica um pouquinho corrida no final, na minha opinião. Eram várias pontas soltas, que precisavam ser amarradas para concluir a história, o que torna tudo um pouco amarrado, mas nada que comprometa. Outra coisa que eu não curti muito foi a localização. Apesar de as vozes e interpretações estarem muito boas, os nomes não foram traduzidos, que torna tudo um tanto estranho. Acho que seria melhor se essa escolha pudesse ser dada ao jogador, de escolher o idioma. É bem estranho ver que está tudo em portugês, mas o Abutre é o Vulture, o Aranha é o Spider Man e tudo mais.

Outra coisa que quebrou um pouco o clima foram as missões com a Mary Jane. Aquela coisa de infiltrar, se esconder, quase que num esquema Metal Gear Solid, deram uma enfraquecida, pra mim. Por que você sai do Aranha e todo aquele jeito épico, pra umas missões de bisbilhotar e tal. Não estraga o jogo, mas me deu uma broxada, com exceção feita a missão na Grand Central.

Quer se sentir um herói? Esse é seu jogo

Dito isso tudo, eu queria dizer mais uma vez que por mais que ele não seja um jogo perfeito e que não é tão surpreendente, já que mesmo antes de sair dava pra cravar que ele seria um dos melhores do ano e uma compra certa para qualquer gamer que se preze, eu jamais poderia afirmar com tanta certeza o quão incrível é o fato de se sentir um herói. Acho que nenhum jogo que eu me lembre tenha feito eu me sentir assim. É real. A partir do momento que começa o jogo, você É Peter Parker. Você É o Homem Aranha. Isso só me faz pensar em como a Insomniac poderia se aprofundar nesse novo Universo Marvel nos games e trazer outras experiências tão reais com Homem de Ferro, Pantera Negra, Hulk e todos os outros personagens fodas da Marvel.

E aos não Sonystas, não Marvetes, digo com 200% de certeza. Dêem uma chance ao Aranha. Vem ver como é foda se sentir um herói de verdade.