Antes de começar, dois avisos:
Primeiro, eu não sou o melhor jogador de FPS. Na verdade eu sou mais esforçado do que bom mesmo. Segundo que apesar desse pequeno problema, o período da Segunda Guerra Mundial é uma parada que me fascina. É um dos períodos da história do mundo que mais tem material criado, sejam documentários, livros, filmes, séries, HQs, Podcasts. E apesar de ser um período negro da história da humanidade, não é menos fascinante.
Ainda me lembro quando foi lançado O Resgate do Soldado Ryan e a HBO lançou mais ou menos na mesma época, Band of Brothers, série sobre um grupamento de paraquedistas que enfrentou algumas das maiores batalhas da Guerra. Naquela época, estávamos na Era dos 32 Bits e na esteira desse sucesso, veio um outro, a série de games Medal of Honor.
O tempo foi passando, foram surgindo outros jogos, mas era fato que a Segunda Guerra tinha voltado com tudo ao imaginário popular. Call of Duty e Battlefield surgiram assim, como tantos outros que não tiveram tanto sucesso. De lá pra cá ambas as franquias decidiram que deveriam vir evoluíndo no tempo, por assim dizer. Os jogos foram ficando contemporâneos, como por exemplo, CoD – Modern Warfare. E foi legal curtir combates no deserto, numa pegada Guerra ao Terrorismo que também ficou muito em voga por causa dos atentados de 11 de Setembro.
Aí entrou uma terceira fase, com um combate mais futurista. Confesso que aí Call of Duty me perdeu. Primeiro porque eu, particularmente não gosto muito de combate futurista, segundo porque naquela ânsia de soltar um jogo todo ano, a franquia acabou perdendo um pouco do gás, pelo menos pra mim. Mais ou menos a mesma coisa que o Luis falou, no Review de Assassin’s Creed Origins.
Mas esse ano, Call of Duty finalmente voltou às origens. A franquia volta a abordar o período da Segunda Guerra Mundial, com a missão de resgatar os velhos chatos, como eu e trazer inovações que chamassem a atenção dos mais novos, que não pegaram todo o caminho, desde o finado Medal of Honor.
Com isso, temos um jogo bastante divertido, extremamente desafiador, um bom modo Campanha e um Multiplayer bom o bastante para prender a sua atenção, sem necessariamente ficar inventando moda.
De volta à invasão na Europa
A lembrança de Resgate do Soldado Ryan e Band of Brothers, lá no começo do texto, não foi nada gratuita. As duas histórias estiveram o tempo inteiro na minha cabeça enquanto eu joguei o modo Campanha. Acho MUITO legal a iniciativa de construir uma experiência cinematográfica, e nesse quesito, CoD WWII entrega MUITO BEM. Ainda mais para quem é muito interessado no assunto, assim como eu.
São 11 missões, a partir do fatídico Dia D, passando por momentos históricos como a libertação de Paris (com direito a missão Stealth), a Batalha das Ardenas e indo até o fim da Guerra, com a chegada em Berlim. Essa campanha é forrada de personagens legais, embora hajam alguns clichês, mas tudo totalmente aceitável.
A dificuldade foi um ponto que me chamou a atenção. Bem elevada em alguns momentos, como nas Ardenas, principalmente porque acabou a mamata da regeneração (ainda bem). Você, querido jogador, vai depender de medkits espalhados pelo mapa, se quiser seguir adiante (e vivo). Mas apesar de tudo, você nem sempre estará sozinho e os seus companheiros de divisão oferecem recursos, como munição, medkits, binóculos e até atáques aéreos. No modo Veteran, pra mim foi praticamente impossível progredir além de um determinado ponto do jogo. Dois ou três tiros bastam para você entrar para as estatísticas da guerra. Então se prepara pra morrer muito, porque os chucrutes não estão para brincadeira.
Mas confesso que quando a campanha chegou ao final, ficou aquela impressão de “poxa, já?”. No modo normal eu consegui chegar até o fim em umas sete horas, mais ou menos. O jogo parece passar muito muito rápido, talvez por ser completamente on rails. Você não tem praticamente nenhum espaço para explorar os cenários, todos muito bem construídos e lotados de detalhes. O máximo de exploração são alguns itens escondidos pelo mapa, mas eu confesso que os que eu peguei foram muito sem querer. O jogo ainda tem os Quick time events e alguns momentos de heroísmo, salvando algum soldado, ou obrigando os nazis a se render.
Eu gostei, e queria mais ao final da campanha, mesmo com a história sendo amarradinha e contada de maneira competente. De repente era o caso de a Actvision soltar aí uns DLCs de campanha, com outros cenários de guerra, como a Batalha de Stalingrado, ou a guerra no norte da África.
Mas acho que você, que está lendo esse review, quer saber mesmo do Multiplayer né? Acho que a maioria dos hard players de CoD nem joga o modo Campanha, mas se você está começando ou é um jogador bosta, assim como eu, pode ser frustrante ir direto para o multiplayer, já que você vai ser mais vítima do que algoz.
Pensando em uma abordagem mais cooperativa no time, CoD WWII conta com cinco templates de soldados, que passam por diversos tipos de tropa, como Airborne, Infantaria, Força Expedicionária. E sinceramente, apesar das polêmicas que rolaram há um tempo atrás sobre fidelidade histórica e também toda uma preocupação a respeito de jogadores controlando nazistas e tal, acho que no modo Multiplayer, ninguém tá reparando muito nisso não. Aqui fidelidade histórica fica sim pra segundo plano, em detrimento dos modos de jogo.
Aqui o foco é exclusivamente nos modos de jogo. A Sledgehammer optou pela jogada segura, adaptando a jogabilidade dos títulos mais recentes para um formato mais simples. O que vai levar seu time a vitória é combater em grupo e a sua habilidade individual. Todos os modos clássicos estão todos lá: Mata-Mata, Destruição, Search and Destroy. A novidade fica por conta do modo Guerra, onde seu time precisa ir conquistando ou defendendo objetivos conforme o desempenho.
O Lobby é um show a parte: Praia de Omaha, ocupada pelos aliados, onde você pode desbloquear itens com as moedas ganhas no jogo, as famigeradas e polêmicas lootboxes, além de contratar objetivos específicos, para receber recompensas, digamos, mais polpudas. Claro que você sempre pode comprar os itens com dinheiro real, mas essa polêmica fica para outro post.
Por último mais não menos importante, por motivos de ZUMBIS, temos um modo Nazi Zombies, que é basicamente um survival, onde você enfrenta ondas de inimigos, que vão se tornando cada vez mais impossíveis. Pura diversão sair estourando esse combo de Nazista + Zumbi. É só puxar o gatilho sem dó. Eu não tenho certeza, mas podia jurar que ouvi a voz do nosso querido David Tennant (Doctor Who), mas preciso jogar mais pra confirmar.
Resumindo
Call of Duty WWII não traz nenhuma revolução técnica de explodir cabeças. Os gráficos estão excelentes, o som é bem afinadinho (jogue de fone) e é o game que mais me fez sentir dentro da Segunda Guerra Mundial. A ambientação certamente é o ponto mais positivo e eu espero ver mais dessa época Activision! Por favor! Todos os cuidados foram tomados pela equipe para ser bem assertivo no visual de todos os lugares e objetos. Missão cumprida com muito louvor. Inclusive, para quem quiser, no canal oficial do YouTube, tem documentários curtos contando sobre a produção e homenageando os veteranos da Segunda Guerra, vale muito a pena.
Call of Duty WWII é uma excelente e empolgante volta às origens, com uma narrativa curta, mas marcante e um multiplayer competente, variado e que estimula o jogador a jogar cooperativo, montar equipes equilibradas, sem aquela maluquice de cada um por si, correndo e saltando, tão característica de Multiplayers FPS. Como pontos a melhorar talvez tentar oferecer mais modos novos de jogo e DLCs com mais campanhas históricas para o Single Player.
Se você gosta dessa fase da história, se o seu negócio é chutar bunda de Nazista, pode comprar sem medo que você não vai se arrepender de nada. Call of Duty World War II é um game divertidíssimo, que oferece um desafio alto e instigante.
Comenta aí Nerd!