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Faz longos 22 anos que eu fui pro cinema, incentivado pelo meu pai, assistir a Missão: Impossível. A versão cinema da série de TV que ele assistia quando mais jovem. E séries clássicas que viram filmes tem de monte por aí. Chips, Baywatch, Esquadrão Classe A, Os Gatões, Swat. Mas o que difere M:I de todos esses? Na minha opinião, Tom Cruise.

Ontem eu fui assistir ao mais novo capítulo da saga, surpreendentemente uma franquia que chega ao sexto filme, sem dar nenhum sinal de perda de fôlego. É claro que todos não são ótimos e imperdíveis, mas Efeito Fallout com a mais absoluta certeza é um dos melhores, disparado. Tom Cruise ainda tem o que precisa pra ser um astro de Hollywood na melhor acepção da palavra.

Eu sou muito suspeito pra falar sobre as franquias que eu gosto. Eu já tenho uma tendência a ir pro cinema achando legal. Mas dessa vez esse monstrinho da expectativa se pagou e com troco. Tudo que um bom filme de espionagem pode ter está lá e mais, tudo que um bom Missão: Impossível precisa ter também está. O resultado é um Tom Cruise absolutamente seguro do seu papel como capitão da franquia que é praticamente dele, uma equipe de apoio que vai muito bem, vilão interessante, trama bem definida, reviravoltas, velocidade e sequências de tirar o fôlego.

Desde o primeiro Missão: Impossível Tom Cruise, como produtor executivo, se junta à algum diretor e puxa lá mais um episódio da série. Brian de Palma, John Woo, J.J. Abrams, só bigode grosso. Mas também é sabido que o Tom Cruise é um cara com um ego um pouco inchado e mesmo com esses grandes nomes, várias são as histórias de brigas entre o astro e os diretores, por conta das decisões de Cruise. Principalmente depois de Missão Impossível III, que não foi tão bem, acarretando brigas com a Paramount, parecia que era o fim da franquia.

Achou que tinha acabado? Achou errado, Otário

Depois de um hiato de seis anos, JJ Abrams e Cruise se uniram novamente e deram a direção nas mãos de Brad Bird. Começava ali a retomada de Missão: Impossível. Protocolo Fantasma, apesar de não ser o melhor filme ever, trouxe um novo fôlego ao agente Ethan Hunt, com alguns bons elementos, como por exemplo a entrada do excelente Simon Pegg na franquia, como o agente Benji, que traz uma visão um pouco mais humana e menos fantástica, fazendo um belo contraponto ao Super Agente infalível e audaz que é Ethan Hunt e servindo também como um belo alívio cômico, sem tornar o filme uma galhofada. E aí foi no quinto filme, Nação Secreta, sob a batuta de Christopher McQuarrie, que M:I voltou finalmente para os eixos.

A gente vive uma época em que a série de Jason Bourne deu uma redefinida no que veríamos no gênero Espionagem/Ação no cinema. A encarnação de James Bond, vivido por Daniel Craig tá aí e não nos deixa mentir. Missão: Impossível segue a fórmula de um filme de Espionagem/Ação à risca, mas aqui o foco não é tanto na pancadaria crua e até meio violenta demais às vezes. O foco aqui é justamente fazer o Impossível (Dã) e as peripécias cada vez mais audazes que são feitas pelo próprio Tom Cruise. Até quebrar a perna gravando esse filme o cara quebrou. Ele não é mais nenhum jovem, mas o fôlego pra fazer um salto da estratosfera, pilotar um helicóptero num desfiladeiro e ainda correr, saltar, brigar, dirigir uma moto a milhão pelas ruas de Paris não é pra qualquer um jovem, que dirá um cara, digamos, maduro como Tom Cruise.

Todo esse pré-âmbulo foi pra falar que tudo que você poderia esperar de um filme de ação está em Efeito Fallout. Os filmes todos tem estéticas e pontos de vista diferentes, desde o primeiro em 1996, mas aqui, de alguma forma tudo parece se amarrar. Temos uma trama até relativamente simplona, onde a grande ameaça é a boa e velha ogiva nuclear e a consequente criação de uma Nova Ordem Mundial.

O diretor Christopher McQuarrie é o primeiro a retornar a direção de um filme da franquia Missão Impossível mas nada que estrague a experiência pois foi uma decisão acertada. McQuarrie, em seu quarto filme como diretor, mostra que evoluiu ao mostrar cenas de ação deixando o espectador sem conseguir respirar na cadeira. O filme não para um minuto.

Depois de voar pendurado do lado de fora de um avião em Nação Secreta, as apostas se tornam mais altas. E todas as cenas de ação de Efeito Fallout são de tirar o fôlego. Como eu disse mais em cima, teve direito à salto da estratosfera, vôo de helicóptero em desfiladeiro e uma PUTA perseguição de moto em Paris. Tudo protagonizado pelo próprio Cruise, sem dublês. Saber disso te deixa na ponta da cadeira, aumentando a tensão e te tirando o ar. O confronto final com o vilão me deixou realmente tenso, como há muito eu não ficava vendo uma cena tão comum de filmes assim.

Continuando os eventos de Nação Secreta, Ethan Hunt (Tom Cruise) tem a missão de impedir uma explosão nuclear planejada pelos Apóstolos, antigo Sindicato. Ethan, e seus amigos da IMF, tem de unir forças com a CIA, que questiona suas motivações e sua lealdade (como sempre). Nesse meio tempo acaba tendo que lidar novamente com o líder da organização, Salomon Lane (Sean Harris), entrando em uma corrida contra o tempo para acertar as contas com erros do passado. Esse sexto capitulo é a continuação direta ao episódio anterior, algo que não tinha sido realizado anteriormente. É o filme que chega mais perto do primeiro filme em questões de premissa, cheio de reviravoltas (algumas extremamente obvias) e com referências que deixam fãs com um grande sorriso no rosto.

Todo o elenco funciona muito bem, com um salve especial pra Simon Pegg, como Benji, que ganhou um papel um pouco maior do que simplesmente o sidekick geniozinho do protagonista fodão. O time ainda conta com o especialista em tecnologia Luther (Ving Rhames), a volta de Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), o Agente Walker (Henry Cavill) e a volta do vilão Solomon Lane (Sean Harris) que fica meio em segundo plano, mas é uma engrenagem importante no andamento do filme. Até o Secretário (Alec Baldwin) ganhou ali sua cena de ação.

Mas não podemos deixar de falar de Tom Cruise. Serio! O cara tem 56 anos, 2 anos mais novo do que John Voight no primeiro filme da franquia (fun fact hehe) e parece ter 40 anos. Corre mais do que eu (obviamente, até porque me mexo muito pouco), não usa dublês, pula pra lá e pra cá, e até quebra o pé, Se pendura, escala, pilota moto, carro, barco, escala montanha, Halo Jump e aprendeu a pilotar um helicóptero em uma das melhores sequencias de perseguição dos últimos tempos. Missão Impossível mesmo vai ser não ver o ator até, sei lá, o decimo capitulo da franquia. Aliás, melhor cena de luta no banheiro desde True Lies, pode confiar.

O filme contudo tem falhas, obvio é um grande Blockbuster de verão, seu intuito é fazer o expectador sentar, relaxar e se divertir comendo um pipocão saudável mas dá algumas escorregadas no salame. A trama no fim das contas é bem rasa, o filme se pega muito em mostrar acrobacias impossíveis que o Sr. Cruise faz durante o filme, juntamente com o personagem de Henry Cavill, deixando de lado outros personagens, como por exemplo o vilão. Mas no fim das contas o filme faz o que promete, está maior em todos os termos, mais caro dentre eles, deixa tudo maior, mais frenético e cheio de adrenalina. Com certeza os fãs não vão se decepcionar e muitos iram torcer para o tempo passar logo para podermos ver, quem sabe, a sétima missão dessa galerinha do barulho que é a IMF.

Então pode ir sem medo pro cinema à partir de hoje (26/07). Missão: Impossível – Efeito Fallout é um filme com tudo que um filme de ação precisa, sem abrir mão do humor, principalmente através de Benji. É um filme que entrega tudo aquilo que ele te propõe, uma aventura desenfreada de tirar o fôlego sem nenhum compromisso com a realidade, divertido do começo ao fim, que vai fazer as 2h 28 passarem voando e provar pra você que Missão: Impossível e o Tom Cruise ainda tem muito gás pra gastar.