Desde que foi anunciada, a série Inumanos, da Marvel, parecia ser algo que marcaria o Universo Cinematográfico do Estúdio, trazendo personagens marcantes e com poderes incríveis. Qual fã de quadrinhos não ficou ansioso para ver nas telas o poderoso e imponente Raio Negro e os cabelos cheios de vida da Rainha Medusa? Ou o simpático cachorro Dentinho?
Mesmo com a notícia do filme cancelado, a série parecia ser um bom caminho para esses personagens e suas histórias, devido aos bons momentos de Demolidor, da Netflix e Agentes da S.H.I.E.L.D., pela ABC. Havia esperanças.
Mas essas esperanças não nos levaram a nada a não ser frustração.
Agora que a série chegou ao Brasil pelo canal Sony, todo mundo vai poder presenciar (se é que já não presenciou) a mais cara produção já feita sobre… nada. Inumanos não aconteceu.
Eu costumava brincar com o primeiro (e horrendo) trailer da série dizendo que a Marvel estava tendo seus dias de Record TV e produzindo uma versão de Caminhos do Coração. Lembram? A novela dos mutantes que tinha dinossauros, lobisomem e aliens?
Mas eu preciso ser honesto: antes fosse uma versão dessa novela, pois ela pelo menos chamou a atenção e gerou 3 temporadas. De gosto duvidoso, mas com audiência e com produtos derivados, como álbum de figurinhas. Inumanos não vai passar da primeira temporada, não diverte, não emociona, não dá nem vergonha alheia.
É uma proteção de tela em forma de série.
Pra começar, o Triton de Mike Moh parece uma fantasia de carnaval mal planejada e decepciona. Visual perdoado, seguimos adiante: vemos um Raio Negro cheio de caras e bocas extremamente forçadas na atuação de Anson Mount. Ele melhora no decorrer da série, mas soa caricato e faz a imponência da sua contraparte nas HQs ir pelo ralo.
Chegamos finalmente ao ponto de maior curiosidade: os cabelos da Medusa. E eles não decepcionam, até causam uma comoção, inclusive em Raio Negro. Eis aí um erro da série: o personagem, que está casado por anos com Medusa, fica assombrado com o cabelo se movendo, meio que direcionando a emoção do público. Deixamos passar esse detalhe.
Medusa usa seus cabelos para lutar contra o malvado Maximus, vivido por Iwan Rheon. O ator profere frases sobre conquistar o trono, sobre não fazer parte da família, sobre matar seus inimigos… Ramsay, é você?
Mas os cabelos de Medusa dão adeus ao público logo nos primeiros minutos da série, quando a poderosa Rainha é vencida por… uma máquina de corte de cabelos. Genial, não? Uma solução para o alto custo dos efeitos e que poderia ser comprada em uma lojinha da 25 de março.
Daí pra frente, nada se salva. Ignore os coadjuvantes, como a Crystal que serve de alívio teen com direito a romance (pobre Dentinho, que vira parte dessa novelinha de amor). Ignore também Karnak, que se esforça mas vira parte de um romance com um toque de maconha e ignore principalmente Gorgon, que esquece ter cascos e usa botas confortavelmente.
Os efeitos?
Nulos. A cenografia? Fraca, faz parecer que tudo em Attilan é feito de isopor, como os episódios de Chapolin em que ele viaja para o espaço (não são pedras, são aerolitos!).
Resumo da ópera: Inumanos é uma piada sem graça que teve seus dois primeiros episódios exibidos em IMAX para pouca gente e que na tv durou 8 constrangedores episódios.
O que me preocupa neste momento: o futuro dos personagens, que seriam incrivelmente aproveitados em um filme e agora viraram um grande nada no universo da Marvel nos cinemas e tv. E principalmente: a possibilidade de Scott Buck (o showrunner da série) aparecer em mais um projeto da casa.
Não contente em estragar os Inumanos e o Punho de Ferro, Scott ganhou seu lugar dentre os melhores vilões da Marvel, superando Ultron, Caveira Vermelha e Hela.
Menção honrosa para a (claro) constrangedora abertura da série que parece ter sido feita com cliparts no Corel Draw 9:
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