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Vasculhando o posto de gasolina, entro na loja de conveniência. Um homem sangrando no chão ao lado de uma porta indica que eu preciso ir por ali. Nela eu entro, e a porta se fecha, eliminando toda e qualquer possibilidade de fuga. O primeiro zumbi aparece.

Gasto todas as minhas balas tentando eliminar aquela criatura, mas ao pegar a chave, vi que foi tudo em vão. Em meio a estantes de metal e um ambiente extremamente escuro, vou tentando desviar do zumbi em busca de uma saída, enquanto minha mão treme de desespero. Levo uma mordida ou duas, que deixa meu personagem  num estado crítico de saúde, mas consigo achar a saída.

Chego com Leon na delegacia. Um porto seguro. Um lugar mais iluminado. Rapidamente vasculho o que há no saguão do distrito policial e me deparo com um clássico baú, uma máquina de escrever, e um computador com câmeras de segurança que mostram cenas do jogo original. Sorrio de frente pra tela.

Após andar mais um pouco por aquele lugar que parecia ser o mais seguro, penso “Ok, não há mais nada a fazer aqui, acho que tenho que passar debaixo daquela porta”. E assim o faço. Um lugar totalmente diferente, escuro, sombrio, praticamente inóspito, que faria qualquer pessoa sair correndo dali numa situação normal. E assim o faço. Volto e penso, enquanto fico ofegante de tensão, pois o desconhecido à minha frente está: “Não é possível que eu precise ir direto pra lá. Nem bala eu tenho!”. E não tinha mesmo. Mas quem disse que Resident Evil se importa com isso? Se vira, amigão. Faça bom uso da pouca munição que o jogo te dá. E ah, posso dar uma dica? Não tente matar os zumbis, atire nos membros inferiores os fazendo cair. Vai ser mais eficiente e você vai poupar muita munição, pelo menos da pistola.

É com esse pequeno relato dos meus primeiros contatos com Resident Evil 2 que começo esse texto. A data era 12 de Junho de 2018. Eu ainda estava na Alemanha, e estava assistindo a reprise da Conferência da Sony na E3, devido ao fuso de 5h pra mais em relação ao Brasil, fez com que uma conferência às 3 da manhã se tornasse impossível de ver ao vivo.

Lembro direitinho, até porque não faz tanto tempo assim, que as expectativas giravam em torno de Ghosts Of Tsushima, The Last Of Us Part II (que por sinal escuto a trilha do primeiro enquanto escrevo esse texto), e Death Stranding, pois todos queriam saber mais dos três first-party que devem encerrar o PS4 e abrir a geração do PS5.

Até que, durante a apresentação, um trailer com um ratinho apareceu na tela. No meio de estantes de ferro e latas de comida, o ratinho ia tentando achar seu caminho, até que a estante cai, matando o pobre animal, e revelando uma cena maior. A porta se abre, revelando Leon Kennedy, protagonista de Resident Evil 2. Sim, o remake tinha sido finalmente anunciado.

Com a platéia em polvorosa (adoro essa expressão), a Capcom ainda surpreenderia mais, com uma data logo ali na esquina. 25 de Janeiro de 2019. Menos de 7 meses depois do anúncio. Eu digo logo ali na esquina porque, para um jogo desse porte, costuma-se esperar alguns bons anos desde seu anúncio, mas a empresa quis deixar tudo na surdina, com alguns rumores pipocando pra lá e pra cá, pra poder deixar todo mundo extremamente empolgado.

O jogo é puro sentimento de nostalgia, além de muito deslumbre. Eu não joguei o Resident Evil 2 pessoalmente, mas eu lembro de ver meu primo jogar, por isso minha relação com a franquia é tão forte. Jogar esse jogo te leva diretamente pro passado. É claro que eles abandonaram o “modo tanque” do personagem e foram pro já bem estabelecido “Over The Shoulder”, que ficou muito popular após Resident Evil 4, mas ainda assim é tudo ali feito pra te conectar com o jogo de 1998.

Eu não estou dizendo que se você não jogou o original, você não deva jogar esse, pelo contrário. Eu mesmo, apesar de toda conexão, não joguei o original, então vai na fé que rola! Meu hype para esse jogo era tão grande que eu não quis jogá-lo na Gamescom 2018 e nem na BGS do mesmo ano, apenas para poder viver a experiência completa, sem saber de absolutamente nada.

E que experiência, meus amigos. Quando você liga o jogo e ele pede pra você ajustar a tela no brilho recomendado, você já sabe que o clima vai ser de tensão. E quando ele pede pra ajustar a saída de áudio? Por padrão vem “Fones de Ouvido”, e na hora pensei: “Ok, então o negócio foi pensado para a experiência imersiva com um headphone”. Peguei o meu e coloquei. Taí, que idéia ruim. Mas não porque o som é mal feito, é exatamente o oposto. É tudo tão bem feito que a imersão foi muito grande. Grande a ponto de eu ouvir passos distantes no jogo, achando que era alguém da minha família caminhando na sala de estar.

Que tensão. E que tesão! A Capcom poderia ter dado um tapa no jogo, refeito uma ou outra coisa, mas não. Devem ter clicado em “New -> Folder -> Resident Evil 2”. Obra prima.

Tanta tensão presente no jogo me fez hesitar muitas vezes ao invés de prosseguir com a história. É, eu não sou a pessoa mais corajosa pra esses tipos de jogos, mas essa franquia me faz querer superar isso. Até fizemos um podcast (tentando) explicar todo o universo de Resident Evil, que contou com a participação da Bruna Lanz, do MeuPS4, e que você pode ouvir aqui!

Ainda em tempo, vi muitos reviews internet afora falando do sentimento que o jogo trouxe, ao fazer a galera lembrar do original de 1998. A própria Capcom não está tratando ele como um remake, e todo material de divulgação vem apenas “Resident Evil 2”.

Uma releitura, talvez?

Visto que o jogo não foi refeito à risca, seguindo exatamente como seu irmão mais velho, isso não importa agora, são apenas rótulos. O que importa é a marca que esse jogo deixa, não só marcando o final de uma geração, já que estamos caminhando para o final do PS4/XOne, mas trazendo e apresentando a franquia na sua forma mais plena para novos jogadores.

O melhor Resident Evil já feito? Muitos dizem que sim, muitos dizem que o 3 é melhor por conta do icônico Nêmesis, enfim… Preferências, né? Surgiram até uns rumores que a Capcom produziria um remake do 3, mas aí seria papo pra daqui alguns anos até seu lançamento, né? Ou será que não?

Se você leu esse texto até aqui esperando que eu fale de detalhes técnicos como gráficos, jogabilidade, cores, sons e toda sorte de ubilubis, saiba que você não vai encontrar isso. O texto já está acabando e a minha ideia era falar da experiência que tive com o jogo, mais do que qualquer outra coisa. Nenhum outro jogo me fez lembrar de quando vi meu primo jogando na casa de um amigo e “Diego, me leva pra casa? Eu to ficando com medo.”, disse o Louis de 7 anos de idade.

Uma lição de como um jogo icônico pode se tornar mais icônico ainda. Como disse no título: O melhor remake já feito na história dos video-games.

Compra sem medo. Mas sem medo de se decepcionar com o jogo, porque medo você vai sentir. O tempo todo!

Agora, aproveitando o espaço, gostaria de agradecer à Capcom por ter enviado uma cópia do jogo para o ProcrastiNATION, que possibilitou com que fizéssemos esse review.