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Star Wars: Os Útimos Jedi

Misto de emoções é o termo assim que você sai do cinema após assistir Os Últimos Jedi. Esse sentimento de confusão é alimentado pela satisfação de uma sequência de cenas emotivas, às vezes até apelando para a nostalgia, novos poderes nunca antes explorados na mitologia e os personagens clássicos, mas por outro lado alguns momentos que não foram bem explorados, deixando a trama arrastada e até sem propósito em alguns momentos.

O segundo capítulo da nova trilogia de Star Wars, veio corrigindo alguns erros de O Despertar da Força, respondendo algumas perguntas que ficaram no ar, dúvidas e até corrigindo alguns erros de roteiro. Ao que parece os produtores parecem estar de olho na opinião dos fãs.

A premissa é bem simples. Os Últimos Jedi começa logo após o final de O Despertar da Força. As tropas da Primeira Ordem ~ Contra-Ataca ~ (viu o que eu fiz aqui? :D) a Resistência após a explosão da base Starkiller, mostrando que apesar de perder a base-planeta, em 30 anos desde a queda do Império, a Primeira Ordem se preparou e tem material bélico de sobra.

A destruição da Nova República no filme anterior, junto com boa parte da sua tropa, transforma a Resistência novamente em Rebeldes em fuga. E é isso que dá o tom para o resto do filme. Dessa vez, com mais espaço na trama, Poe Dameron, braço-direito da General Leia, se mostra um tanto quanto ousado e bem refratário, no quesito obedecer ordens. Isso leva a erros e uma lição valiosa (com direito a tapa na cara) que certamente vai servir para o futuro dos novos rebeldes.

No mesmo núcleo, ainda temos o ex-Stormtrooper, Finn, agora recuperado do seu ferimento e a novata Rose, que se junta ao núcleo de heróis após o sacrifício da irmã. É aí que o filme começa a derrapar. Missões sem propósito, que nada acrescentam à trama, personagens subutilizados, com menos tempo de tela do que mereciam. Principalmente a Vice-Almirante Holdo. Faltou um pouco de propriedade para manejar tanto personagem em um núcleo só.

Ainda no núcleo da Resistência, o filme marca a despedida da nossa Princesa Leia (sim, por aqui ela ainda é realeza), sem tirar o brilho da atriz Carrie Fisher, que tem um papel ativo e importante no filme e importante também para o andamento da trama, demonstrando toda a sua liderança. Pelo fato de as cenas estarem todas filmadas, não dá pra notar qualquer mudança no roteiro para tentar suprimir o falecimento da atriz. Resta saber como será no próximo episódio.

Pelos lados da Primeira Ordem, quem mais se destaca, claro, é Kylo Ren. Ainda chiliquento, mas mostrando cada vez mais o potencial para ser mais um dos vilões memoráveis de Star Wars. Vamos mais fundo nessa dualidade que ele sente o tempo todo. A comunicação com Rey através da Força, são bem interessantes e nos ajudam a conhecer mais sobre o personagem. O resto dos vilões não acrescenta muito. Hux, Snoke e a Capitã Phasma tem arcos rasos e aqui dá pra considerar também que o filme dá uma derrapada, se bem que, quem criou milhares de teorias estapafúrdias na cabeça fomos nós, não eles. De qualquer maneira, os personagens poderiam sim ser melhor desenvolvidos.

No núcleo Jedi do filme temos Rey, também com um desenvolvimento caprichado. A atuação de Daisy Ridley está muito boa. Ela passa a entender um pouco do lado de Kylo, o vendo como Ben Solo e sentindo seu conflito interno. A jornada também traz auto-conhecimento, resolvendo os conflitos da personagem, pelo menos até agora.

E o Luke? Fala do Luke!

Eu sei que você veio até aqui só pra ler sobre Luke Skywalker. O Grande Mestre Jedi exilado. Mais maduro, mais experiente, consequentemente mais desiludido e amargurado. O subestimado ator Mark Hamill prova que realmente aprendeu a atuar. Suas cenas dramáticas entregam tudo que se pode esperar do personagem e em alguns momentos até mais. É o arquétipo típico do grande herói lendário que renega seu fardo devido à traumas do passado. Mas o melhor professor é o fracasso, não é mesmo?

Depois da destruição da academia Jedi pelo seu discípulo e sobrinho, Ben Solo/Kylo Ren, Luke se culpa por ter falhado tanto no treinamento do sobrinho, quanto na formação de uma nova geração de Jedi. Por isso decide não se comunicar mais com a Força. É só com a chegada de Rey e uma pequena coerção de um velho amigo que essa perspectiva começa a mudar.

A relação entre o Mestre e a nova Aprendiz é um tanto conturbada, já que nessa relação ambos têm lições a ensinar e aprender. É uma dinâmica interessante e um dos pontos mais altos do filme.

E o Rian Johnson? Aprovado?

Star Wars: The Last Jedi..L to R: Director Rian Johnson with Carrie Fisher (Leia) on set. ..Photo: David James..©2017 Lucasfilm Ltd. All Rights Reserved.

Aprovado sim. Além de ter dirigido, ele também roteirizou este novo episódio, e tem bastante noção desse universo gigantesco. Ele entende sobre a Força, os Jedi e consegue mostrar coisas novas sem desrespeitar em nenhum momento o assunto. NO MIDICHLORIANS HERE! MOVE ALONG.

Apesar de algumas barrigas na história, como algumas tramas que não se amarram, alguns personagens desperdiçados e algumas reviravoltas além da conta, principalmente no segundo ato, bem cansativo. Mas a direção é competente no geral e o filme entrega dois atos de três com mais acertos do que erros. A fotografia é espetacular. Mesmo sabendo que estamos no universo de Star Wars, os visuais são lindos e diferentes de tudo que já vimos na saga. Cada tomada, cada enquadramento parecem ter sido calculadas à perfeição. As cenas de ação são bem gravadas e o filme é dinâmico sem confundir o espectador.

Star Wars: Os Últimos Jedi está longe de ser perfeito, mas consegue agradar. Sua forma diferente dos outros episódios, sem ser maniqueísta e ficar na dicotomia Luz/Escuridão, Bem/Mal é inesperada, mas serve para estabelecer uma nova base para o futuro. Tudo nesse filme fala sobre passar o bastão, seguir adiante. A desconstrução da jornada do herói talvez deixe algumas pessoas decepcionadas, mas é muito interessante ver que a todo momento o filme subverte expectativas. Olhando o cenário macro, é um filme com muito mais pontos positivos do que negativos. Ação, drama, comédia, reviravoltas. Na minha humilde opinião, o Império Contra-Ataca é o melhor filme da saga, onde a filosofia por trás da Força é realmente aprofundada. E foi isso que eu gostei de Episódio VIII. O legado dos mais velhos para os mais jovens, a experiência contra a imprudência, consequências dos atos e a importância que cada um tem, independentemente de onde venham. Nem tudo precisa girar em torno de uma única família para ser especial. Todos somos especiais à nossa maneira e é isso que ainda faz com que exista a esperança na galáxia.

PS – pode dormir tranquilo. Os Porgs não são os novos Jar Jar Binks. Obrigado Rian Johnson!