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Somos todas Diana de Themyscira, filha de Hipólita?

By 20/06/2017Cinema

Que saudades, Brasil. Olha eu aqui novamente :)

Para contextualizar quem não está acostumado com as minhas aparições por aqui, meus textos nunca são o que parecem, blz? Isso aqui não é uma resenha bonitinha sobre o filme, muito menos um crítica baseada em conceitos cinematográficos.

Normalmente eu assisto filmes da DC e da Marvel na estreia, mas dessa vez a coisa foi mais complicada. Semanas de muito trabalho, viagens… enfim, demorei mais do que o normal para conseguir assistir Mulher-Maravilha.

Confesso que as críticas positivas me deixaram bem mais ansiosa do que eu já sou. E devo dizer que todas as minhas expectativas foram atendidas. QUE FILMÃO DA PORRA! A DC acertou a mão e – mesmo sem cenas pós créditos #chatiada – deixou aquele gostinho de quero mais e uma alta expectativa para o filme da “Liga da Justiça”.

Mulher-Maravilha é muito mais do que apenas um filme sobre a história de uma heroína. É um filme sobre superação, empoderamento feminino, posicionamento da mulher na sociedade e como enfrentamos nossos medos e as mudanças da vida. (queria marcar minha terapeuta aqui para ela ficar morrendo de orgulho da minha visão “psicóloga” sobre isso hahahaha).

Preciso muito confessar que em alguns momentos – principalmente na cena em que ela entra em uma trincheira – eu me senti vestida naquela roupa, com o escudo e a espada em mãos, enfrentando não os tiros do exército alemão, mas sim todos os meus medos, angústias e lutando pelos objetivos que tenho para minha vida.

A personagem traz para uma realidade muito atual o papel da mulher na sociedade, no lar e no trabalho. Há uma discussão subliminar, em praticamente todas as cenas, sobre o poder da mulher. Diana é subestimada como “guerreira”, os objetivos dela são desacreditados, a razão pela qual ela luta é questionada a todo momento pelo seu “par romântico”.

Por sinal, o romantismo é a única coisa desnecessária no filme. Ela é uma deusa, Brasil. Vamos alinhar a expectativa, né? Não precisava desse parzinho romântico e muito menos da fúria dela na cena final por conta da morte dele. Mas isso não tira o mérito do filme, juro!

Na minha opinião, a “provocação” que o filme traz é sobre o papel da mulher na sociedade. E isso é incrível. Quer ver o porque? Alguns números para você:

  • Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, o rendimento médio mensal das mulheres é 27,1% menor do que o dos homens
  • A taxa de desemprego, segundo o IBGE, foi de 4,8%, no entanto, se formos separar por sexo, esta taxa foi 4,1% para os homens, e 5,6% para as mulheres, ou seja, a taxa de desemprego para as mulheres é 36,5% maior do que para os homens
  • No ranking internacional, o Brasil ocupa, hoje, a sétima posição de taxa de homicídio feminino, perdendo para países como El Salvador, Trinindad e Tobago e Rússia.
  • No Brasil, 45% dos casos de mulheres mortas ocorreram em situação de violência doméstica e familiar
  • 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos, aponta pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular
  • 56% dos homens admitem que já fizeram alguma dessas formas de agressão: xingou, empurrou, agrediu com palavras, deu tapa, deu soco, impediu de sair de casa, obrigou a fazer sexo
  • 77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente.

Sou mulher, independente, moro sozinha, solteira aos 30, gosto de heróis, trabalho com tecnologia e ainda hoje – em 2017 – ouço com frequência algumas frases do tipo: “até que para uma mulher você é bem inteligente”, “nossa, 30 anos e ainda não tem filhos?”, “você é muito menininha para trabalhar com tecnologia”, “Nossa, você joga video-game? Que bizarro” … sim, amigos, isso é muito comum, não só na minha vida, mas na de muitas mulheres.

Nesse cenário, fomentar no inconsciente feminino tudo do que somos capazes é simplesmente incrível, ainda mais vindo de um filme sobre heróis. A DC transformou a Mulher-Maravilha em uma heroína humana, real e palpável. Como eu já disse antes, é possível se enxergar nela em diversas cenas.

Fica agora a expectativa/vontade de que eles mantenham esse perfil da heroína para o filme da “Liga da Justiça”.