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Os video games não começaram agora, na verdade eles são um tanto antigos: sem contar os analógicos, os consoles iniciaram no mercado há pouco tempo, cerca de 50 anos, mas se popularizaram por volta dos anos 80 e 90. Com o advento da internet e toda essa tecnologia que mais parecia uma versão estendida de Kung Fury, os consoles ganharam força numa geração de crianças que já não davam tanta importância para livros.

Jogos sempre foram presentes na história da humanidade de modo geral. Desde as primeiras civilizações pessoas já procuravam ocupar seu tempo com entretenimento e brincadeiras estratégicas – algumas que inclusive duram até hoje. Os egípcios tinham excelentes jogos de tabuleiro, os indígenas brasileiros costumavam montar brinquedos com elementos da natureza (barro, folhas, galhos) e a China de 500 a.C. já aproveitava da conhecida cabra-cega.

O ponto é que, independente do contexto histórico, as civilizações e culturas têm seus jogos, brincadeiras e jeitos de brincar. No cenário de globalização do século XXI, a gente também tem, só que é bem mais abrangente…

O primeiro console

Magnavox Odyssey
O console em questão. Bem feio, né?

O Magnavox Odyssey foi o primeiro console doméstico da história, lançado em 1972 na América do Norte pela Magnavox, uma empresa do ramo de eletrônicos. O aparelho vendeu cerca de 300 mil unidades, um sucesso se levarmos em consideração que era um produto pioneiro, caro e compatível com poucos televisores da época.

Ele obviamente não tinha muito poder de fogo: um processador AY-3-8500, 64B de RAM, 16 cores, resolução de 280×192, não produzia sons e nem nada muito complexo. Alguns de seus únicos 27 jogos vinham acompanhados com acessórios – bem naquele lance Power Glove do NES – para auxiliar na gameplay.

magnavox odyssey accessories
Não, não é Banco Imobiliário.

O Magnavox Odyssey foi descontinuado em 1992, mas seu legado permanece até os dias de hoje. Esse pequeno aparelho causou uma baita evolução na indústria, mostrando para o mundo um novo jeito de se divertir. O aparelho é uma espécie de “avô” de muitos outros consoles bem mais famosos e queridos que ele, presentes no imaginário popular e que provavelmente fizeram parte da infância de muitos aí.

Jogos retrô

jogos retro

A mais nova da bancada, eu não sou um exemplo de idade: não vivi a época dos heróis pixelados ou da criação de franquias que nasceram no Atari 2600, Nintendo 64 ou Mega Drive. Quando eu já tinha capacidade suficiente para jogar video game, os gráficos já estavam avançados e os consoles bastante democratizados, foi por volta da sexta geração – pois é, um bebê.

Mesmo não tendo nascido nos anos 80~90, eu sei que eles foram marcados por bastante coisa envolvendo video games, principalmente avanços tecnológicos. Rolou aquela “era de ouro dos arcades”, onde houve um boom de novos jogos, mecânicas e gêneros, ou seja, um tremendo avanço que consolidou diversas franquias. Isso fortaleceu a indústria de modo tremendo, e assim os fliperamas viraram o principal pico de crianças e adolescentes fissurados em bater recordes e passar o máximo de tempo possível aprendendo combos em jogos de luta ou padrões para explodir naves espaciais.

Provavelmente a maior parte das pessoas não nascidas nas gerações anteriores nunca jogaram Donkey Kong (1981), Galaga, Space Invaders ou qualquer outro desses dinossauros digitais. Essas pessoas cresceram ouvindo sobre os arcades, fliperamas e os jogos mais famosos e influentes, aqueles que revolucionaram e criaram franquias consolidadas que existem até hoje. Nós sempre ouvimos sobre isso de uma forma positiva e saudosista – quase que lendária -, então uma hora bate a curiosidade…

Emulação

RetroArch
Por: RetroArch.

Em um resumão, a emulação de jogos consiste em utilizar um software para simular uma outra plataforma que não a sua, e assim poder rodar jogos de consoles no seu celular ou desktop. Dessa forma você tem acesso à títulos antigos dos arcades ou até mesmo os mais “atuais” do PS2, e pode jogar todos eles sem necessariamente ir até uma loja online e encomendar um console retrô por um preço absurdo – ou seja, emular dá bem menos gasto e trabalho.

Os emuladores conectam novos usuários à games antigos, possibilitando que eles conheçam obras incríveis que provavelmente estão fora de linha ou disponíveis só para colecionadores (em edições muito limitadas e caras, nichadas). Eu mesma confesso ter passado por experiências maravilhosas em emulação, principalmente aquelas envolvendo jogos do GBA e Nintendinho. Aposto que, assim como eu, muitos jovens só puderam conhecer esse “passado” através de emulação, ou seja, não teríamos condições de comprar uma edição de colecionador de determinado console e um cartucho para poder jogar aquilo. E é aí que entra a pirataria.

Pirataria na emulação

Quando falamos de emulação ilegal, estamos nos referindo à pessoas que possuem ROM’s de jogos sem autorização legal do detentor daquela propriedade intelectual. Eles distribuem essas ROM’s gratuitamente em sites com anúncios que geram um lucro considerável para quem os hospeda – tendo em vista que são poucos sites seguros nesse ramo. É desse jeito que bastante dinheiro é “tirado” (ou potencialmente tirado) dos verdadeiros donos do jogo, os que possuem seu direito de venda.

Em termos de lei e tudo mais, o detentor dos direitos é quem deveria primariamente lucrar com a venda das ROM’s, mas na maioria dos casos são os donos de sites que lucram, sem qualquer retorno aos detentores. Claro que não poderia deixar de citar que nem todos visam só o lucro, inclusive alguns fazem isso por mera vontade de preservar a memória dos games, hospedando as ROM’s sem fins lucrativos (o que significa ‘sem retorno financeiro para as empresas ou eles mesmos’). Isso é errado, mas… minimamente moral(?).

O ponto é que, ainda que com uma visão nobre de preservação e esse papo todo, baixar/disponibilizar uma ROM ilegal é sim pirataria, mesmo que esse game esteja fora de circulação e você queira muito jogá-lo. O mercado de relíquias dos games funciona assim: muitas empresas guardam títulos clássicos no fundo do baú, mas não permitem suas vendas remasterizadas ou qualquer coisa do tipo que seja cabível nos dias atuais.

Só que, infelizmente, a pirataria sempre vem junto, querendo ou não. Emuladores podem ser usados tanto para o “bem” quanto para o “mal”, a fim de resgatar jogos perdidos no tempo ou lucrar em cima da pirataria de títulos recém-lançados.

https://www.voxel.com.br/especiais/coluna-carpe-25-emular-jogos-antigos-errado_837666.htm
nintendo classic edition snes
Será que fica amarelado?

As empresas fazem o que podem para evitar a pirataria (e capitalizar com jogos parados). Recentemente a Nintendo tem investido em emuladores próprios e autorais, com novas versões de seus jogos clássicos. A EA disponibilizou uma nova versão de Tetris gratuitamente na PlayStore, e a SEGA pensou em muito mais: existem versões gratuitas de muitos de seus jogos antigos, todos prontos para download lá na PlayStore – uma dica maneira pra você, hein.

Outra coisa legal envolvendo remasterizações ocorreu com Shadow of the Colossus, o clássico do PS2 que foi revivido pela Sony para o PS4. A demanda em cima do game estava massiva, e então os gênios não deixaram essa passar: lançaram uma edição de colecionador com capa especial e tudo, daquelas bem bonitinhas pra você colocar na sua prateleira e ficar olhando orgulhoso.

Emular é sempre errado?

arcades

Para evitar possíveis desgastes, quero deixar duas coisas bem claras antes de começar a conclusão:

  1. Isso não reflete a opinião de mais ninguém do PCN, só a minha, a da pessoa que vos fala.
  2. Não vou abordar o assunto no que tange lei e propriedade intelectual, afinal sequer tenho um conhecimento avançado sobre essa cambada de coisa. Vou falar segundo a minha perspectiva, vivência e opiniões pessoais.

Acho que todo mundo em plena sanidade mental concorda que roubar de alguém é errado, ainda que todo o contexto te leve para aquilo. Bom, eu sei que é praticamente impossível consumir certos clássicos sem ser na ilegalidade, afinal alguns são caros e/ou inacessíveis. Um bom exemplo disso é o meu caso: curto bastante os filmes do Akira Kurosawa, mas quase nenhum deles está disponível no catálogo brazuka dos serviços de streaming, então só resta aquele mesmo caminho da ilegalidade.

Sei que muitas empresas deixam jogos, quadrinhos e filmes no baú, sem colocar essas obras à venda para que o público possa comprar de forma lícita. Entendo o ponto dos “piratas” de preservar e propagar algo que não está atualmente licenciado no mercado, mas também é justo que uma empresa queira guardar algo que é dela por direito – por mais que talvez seja mais economicamente rentável colocar tudo no mercado de forma fácil e lucrativa para si.

Eu facilmente diria que essa questão é uma sinuca de bico. Não defendo a pirataria de produtos licenciados e acessíveis, mas teoricamente eu não deveria defender em nenhum caso, né? Ok, mas como fica quem tem um imenso interesse por esses jogos antigos, mas nunca vai conseguir comprar um console de colecionador? É uma questão complicada…

É estranho você crescer ouvindo histórias naquele tom lendário, narrativas de coisas que nunca viverá, afinal aquilo já passou há muito. Para quem se apaixona por video games, fica difícil não se interessar por emuladores e os jogos retrô como DOOM e Wolfenstein 3D. Você quer mods, mapas, versões aprimoradas e afins, mas tem como ter tudo isso licenciado e acessível?

E do outro lado da moeda, é rentável ressuscitar um jogo antigo? Será que realmente tem tanta demanda assim? E se essa onda de clássicos for momentânea? Em alguns casos é um tiro no escuro, não vale a pena arriscar.

Eu pesquisei bastante, li um montão de artigos e tabelas sobre emulações e jogos retrô, mas talvez tudo isso só tenha me confundido ainda mais. Provavelmente esse vai ser um dos meus únicos textos sem uma conclusão objetiva, apenas com uma reflexão sobre o tema. Tenho pra mim que não é vergonhoso admitir que não sabe ou não tem opinião sobre determinado assunto, e esse é um dos casos…. eu não sei exatamente o que penso sobre emulação e pirataria, e é isso aí, não tem problema. Ambos os lados argumentam de uma forma coerente, e assim consigo entender tanto a onda da “democratização de conteúdo” quanto a da “é meu, faço o que eu quiser com isso”.

Bom, pelo menos esse texto me rendeu uma boa reflexão…

shrug

Referências:

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